FAPS 2015 - Eliane Soares de Lima

Fórum de Atualização em Pesquisas Semióticas – 18/setembro/2015, 14h00

O figural, o figurativo e os efeitos de sentido passionais dos textos

A chamada semiótica das paixões, tendo em seu início privilegiado o exame de paixões-lexemas e de papéis passionais (a nostalgia, a cólera, a avareza, o ciúme, etc), com a estrutura narrativa e modal atuando como elemento-chave, começa, a partir dos anos 1990, a ampliar os horizontes de análise e a se interessar não apenas pelos núcleos passionais já instituídos culturalmente, mas, num ponto de vista mais geral, pela dimensão passional do discurso como um todo. Assim, transpondo os limites do percurso narrativo do sujeito, da combinação modal subjacente, as manifestações passionais foram concebidas como resultantes de uma configuração discursiva complexa, como efeitos passionais caracterizados por constituintes e expoentes que perpassam todos os níveis do percurso gerativo do sentido: do fundamental ao discursivo; do plano de conteúdo ao plano de expressão; do enunciado à enunciação. Nessa nova perspectiva, o sensível, o sentir propriamente dito, ganhou mais espaço e as condições de produção e apreensão da significação, da experiência, isto é, da vivência do sentido, passaram a interessar mais do que a descrição da estrutura patêmica já estabilizada. No entanto, diferentemente do que aconteceu no primeiro momento da investigação semiótica dos afetos, no qual se institui, no domínio do discurso debreado, um modelo de análise, o esquema passional canônico, esse segundo momento ainda busca uma formulação metodológica passível de abarcar a dinâmica interna da correlação entre todas as dimensões discursivo-textuais envolvidas, própria à problemática da enunciação; e é aí que se situa a nossa proposta. A ideia é entender as paixões como resultantes de determinado modo de interação afetiva com uma presença, caracterizado pelas especificidades do processo de configuração discursiva da relação interactancial. Interessa, portanto, depreender as condições enunciativas dos efeitos passionais criados pelos textos e que convocam e alimentam tais modos de junção (conjunção, disjunção, não-conjunção, não-disjunção), ora mais sensíveis, ora mais inteligíveis, apresentando uma nova interpretação do esquema passional canônico, uma interpretação tensiva, na qual noções emprestadas à teoria fenomenológica, como percepção e (campo de) presença, mostram a sua operacionalidade. Para demonstrar como essa nova proposição do esquema passional canônico funciona na prática analítica dos diferentes modos de interação afetiva possíveis, analisaremos trechos de algumas narrativas literárias, procurando depreender as condições de emergência da afetividade desencadeada na atividade de leitura.


limaMestre e Doutora em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), Eliane Soares de Lima fez, em 2012/2013, um estágio de pesquisa junto ao Departamento de Literatura da Université Paris 8 (França), sob a orientação do professor Denis BERTRAND. Atualmente, faz um estágio pós-doutoral no Departamento de Literatura da UNESP de Araraquara, instituição na qual, em 2007, graduou-se em Letras (Licenciatura e Bacharelado). É pesquisadora do Grupo CASA, inter-universidades, da UNESP de Araraquara, desde 2007, do Grupo de Estudos Semióticos da USP (GES-USP), desde 2008, do Centro de Pesquisas Sociossemióticas (CPS) da PUC de São Paulo, desde 2009, e participante do Grupo de Estudos da Narrativa (GEN) também da UNESP de Araraquara, desde janeiro de 2015. Tem atuado principalmente na área de Semiótica Discursiva e Literária, Linguística, Teoria Literária e Literatura Brasileira, com artigos publicados em diferentes periódicos científicos. 


Sexta-feira, 18 de setembro de 2015.
Das 14h00 às 15h30. 
Prédio de Letras USP, sala 264.

A palestra é aberta a todos os interessados. Não é necessário inscrever-se previamente.

 

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