FAPS – Fórum de Atualização em Pesquisas Semióticas
Sexta-feira, 20/05/2022, 14h00, via Google Meet.
Polêmica discursiva na Ditadura e suas reverberações contemporâneas: análise semiótica
por Oriana Fulaneti (UFPB)
Nesta comunicação apresentaremos alguns resultados da pesquisa que estamos desenvolvendo acerca do embate discursivo entre a esquerda armada e o governo militar durante o período da Ditadura e seus desdobramentos posteriores. Acreditamos que a maior compreensão dessa polêmica traga contribuições tanto para a verificação do funcionamento das categorias semióticas na aplicação de embates discursivos longitudinais quanto para a maior compreensão do funcionamento da política brasileira atual. Em 1964, os militares, com o apoio de parte expressiva da sociedade civil, deram um golpe que destituiu o então presidente e inaugurou uma ditadura de 21 anos, período em que o Brasil viveu um estado de exceção sustentado pela censura e pela repressão. Nesse contexto, uma parcela da esquerda optou pela luta armada, formando grupos de combate ao governo. De ambos os lados, uma guerra havia sido declarada. Os militares praticavam a tortura como uma política de Estado; os guerrilheiros, por sua vez, realizavam suas ações revolucionárias, expropriando bancos, sequestrando etc. Desse cenário de “guerra”, investigam-se os elementos passionais do discurso dos guerrilheiros, dos militares e da imprensa, mais particularmente a revista Veja, tendo como objetivo verificar os valores de sustentação coesiva dos grupos e as estratégias enunciativas de desqualificação do adversário. Em seguida, verifica-se a polêmica discursiva que, quase meio século após a Ditadura, reaviva a disputa entre guerrilheiros e militares, quando a então presidente e ex-guerrilheira Dilma Rousseff, enfrentando seus opositores, dentre os quais muitos militares e ex-apoiadores da ditadura, é destituída do poder através de um golpe que desencadeia seu impeachment. Resultados apontam que, a despeito das grandes diferenças ideológicas, o embate político estudado perpassa muitas questões passionais, contribuindo para o desenvolvimento de práticas que hoje conhecemos como discurso de ódio.
Oriana Fulaneti é professora de Língua Portuguesa e Linguística na UFPB e membro do Programa de Pós-Graduação em Linguística da mesma universidade. Fez graduação, mestrado e doutorado na FFLCH-USP, com estágio de doutorado-sanduíche na Université Paris 8. Tem estágio de pós-doutorado na Universidade Federal Fluminense com bolsa FAPERJ. Seus interesses de pesquisa e suas publicações são sobre discurso político, enunciação, paixões e interações sociais.
Sexta-feira, 20 de maio de 2022
Das 14h00 às 16h00 - horário de Brasília
Encontro remoto via Google Meet. Clique aqui para inscrever-se e receber o link
Encontro aberto a todos os interessados.