Double FAPS 2017/08 - Maria Giulia Dondero & Jean-Pierre Bertrand

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Double-international FAPS

Fórum de Atualização em Pesquisas Semióticas
18/08/2017, 14h00, sala 262, Prédio de Letras USP

| Gravação das palestras em áudio mp3, by Ges-Usp Media, Inc.™  |    new!
| Maria Giulia Dondero e Jean-Pierre Bertrand | 

 

1. Bruno Latour e a semiótica da enunciação
por Maria Giulia Dondero (Fonds National de la Recherche Scientifique/Université de Liège)

As relações entre os trabalhos de Bruno Latour e a semiótica de Algirdas Julien Greimas e do grupo da Escola de Paris estão claras desde o fim dos anos 1970 quando da colaboração entre Latour e Françoise Bastide bem como entre Latour e Paolo Fabbri, em especial acerca de temas como a construção discursiva de textos científicos (Latour & Fabbri, “La rhétorique de la science; pouvoir et devoir dans un article de science exacte”, Actes de la recherche en sciences sociales, 13, 1977).

Foram as noções de actancialidade e a teoria da enunciação que Latour tomou emprestado da semiótica greimasiana. Se a actancialidade já fois estudada nos quadros das análises da taoria do ator-rede, visamos a dirigir nosso olhar sobre as evoluções da teoria da enunciação, dos primeiros escritos do autor (ver “A Relativistic Account of Einstein’s Relativity”, Social Studies of Sciences, 18, 1, 1988, e “Petite philosophie de l’énonciation”, http://www.bruno-latour.fr/sites/semiotica.fflch.usp.brdefault/files/75-FABBRI-FR.pdf) até as últimas propostas encontradas em Enquête sur les Modes d’Existence (La Découverte, 2012). Avançamos a hipótese que esse caminho levou a teoria de Latour da enunciação enunciada à enunciação prática e impessoal.


Maria Giulia DonderoNota bio-bibliográfica

Pesquisadora do Fonds National de la Recherche Scientifique, FRS-FNRS belga, Maria Giulia Dondero leciona semiótica visual na Universidade de Liège.

Publicou uma centena de artigos em francês, italiano, inglês, espanhol e polonês; já organizou cerca de quinze livros coletivos e números temáticos de revistas sobre a fotografia, a imagem científica e a subjetividade na imagem, entre os quais: L’image peut-elle nier ? (PULg, 2016, avec S. Badir) et Les plis du visuel. Réflexivité et énonciation dans l’image (Lambert Lucas, 2017, avec A. Beyaert-Geslin et A. Moutat). Foi também autora de três livros: De seus livros recentes, cabe destacar: Des images à problèmes. Le sens du visuel à l’épreuve de l’image scientifique (em colaboração com J. Fontanille, Pulim, 2012; trad. em inglês: The Semiotic Challenge of Scientific Images. A Test Case for Visual Meaning, Ottawa, Legas Publishing, 2014); Sémiotique de la photographie (em colaboração com P. Basso Fossali, Pulim, 2011) — cuja tradução em português será publicada em fins de 2017 —, e Le sacré dans l’image photographique. Études sémiotiques (Hermès, 2009).

Co-fundadora e diretora da revista SIGNATA - Annales des Sémiotiques / Annals of Semiotics, Dondero é também co-diretora da coleção de livros Sigilla (Presses Universitaires de Liège). Participa de muitos comitês de periódicos científicos, tais como Actes Sémiotiques, Interfaces numériques, CASA - Cadernos de Semiótica Aplicada, Médiation et information (MEI), Texto Livre: linguagem e tecnologia; integra, além disso, o comitê de coleções de obras, como "Clinamen" e "Cultures sensibles".

É a atual secretária geral da International Association for Visual Semiotics (IAVS) e vice-presidente da Association Française de Sémiotique (AFS).

Grande número de seus artigos está disponível em: https://frs-fnrs.academia.edu/MariaGiuliaDondero

 


2. Condições da Invenção. Do fim do romantismo ao início do surrealismo
por Jean-Pierre Bertrand (Université de Liège, Bélgica)

O objeto desta fala é o de relançar algumas questões epistemológicas levantadas na ocasião da publicação de nosso livro Inventer en littérature. Du poème en prose à l’écriture automatique (Seuil, « Poétique », 2015). Ainda que não tenha um embasamento semiótico, mas mais precisamente da estética e da “epistemocrítica”, ele se insere em vários dos eixos temáticos definidos pelo Seminário de Semiótica de Paris, que foram ilustrados por exemplos vindos a história da literatura, do romantismo ao surrealismo. Os eixos são: (i) invenções de modelos de (conceitualização) e de modelos para (a finalização prática): descontinuidades epistemológicas e genealogias tecnológicas; (ii) relação entre a invenção e a história; (iii) inventividade e descoberta: relações assimétricas ou formas de emparelhamento; (iv) formas de envolvimento na invenção: da paternidade da criação (laço “consubstancial” entre artista e obra) à produção estocástica e às máquinas solteiras; (v) transversalidade da invenção entre os domínios sociais: impacto epistemológico das invenções e reorganização simbólica em torno de sua afirmação; (vi) dimensão retórica da invenção, ligada aos discursos sobre a novidade, a originalidade, a descoberta fortuita (serendipity), etc.


Jean-Pierre BertrandNota bio-bibliográfica

Jean-Pierre Bertrand leciona literatura dos séculos XIX e XX e sociologia da literatura na Universidade de Liège. É especializado na história das formas literárias no século XIX e publicou em 2006, com Pascal Durand, La modernité romantique. De Lamartine à Nerval (Impressions Nouvelles) e Les Poètes de la modernité. De Baudelaire à Apollinaire (Seuil). Reeditou alguns textos significativos da literatura “fin-de-siècle” : Laforgue, Rodenbach, Dujardin, Schwob, bem como uma edição crítica dos Poèmes en prose d’Emile Verhaeren, volume 9 de suas Œuvres complètes (Bruxelles, Archives et Musée de la littérature, 2016). Publicou, com Paul Aron, Les 100 mots du surréalisme e Les 100 mots du symbolisme na coleção « Que sais-je ? » (PUF). Sua última obra publicada até o momento é Inventer en littérature. Du poème en prose à l’écriture automatique (Seuil, « Poétique », 2015). Atualmente, está preparando uma edição de Eureka, de E. A. Poe, para as edições Gallimard, « Folio-Classique » (com M. Delville), está participando da edição das obras romanescas de J.-K. Huysmans, Gallimard, « Bibliothèque de la Pléiade », dir. A. Guyaux, P. Jourde) e está elaborando um ensaio sobre a poética da autossocioanálise (de R. Hoggart a E. Louis, passando por P. Bourdieu e A. Ernaux). Dirige desde 2016 a Unidade de Pesquisa Transdisciplinar "Traverses” da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Liège (http://web.philo.ulg.ac.be/traverses/)


Sexta-feira, 18 de agosto de 2017.
Das 14h00 às 16h00. 
Prédio de Letras USP, sala 262.

O encontro é aberto a todos os interessados. As palestras serão ministradas em francês. Não é necessário inscrever-se previamente.

 

Maria Giulia Dondero e Jean-Pierre Bertrand visitam o Brasil em 2017 por iniciativa do SSU – Seminário de Semiótica da UNESP Araraquara, com apoio financeiro da FAPESP. O Ges-Usp agradece ao SSU, na pessoa de seu coordenador Jean Portela, pela gentileza da intermediação que permitiu a realização desta conferência na Universidade de São Paulo.

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