Palestra de Maria Giulia Dondero - 10 março 2017

Palestra Dondero
10/03/2017, 14h00, sala 261 do prédio de Letras USP

Palestra de Maria Giulia Dondero 
(FRS-FNRS, Université de Liège, Bélgica)

 

| Gravação da palestra em áudio mp3, by Ges-Usp Media, Inc.™  |    new!
| A semiótica frente à análise quantitativa de imagens. Questões de metalinguagem visual |

 

A semiótica frente à análise quantitativa de imagens. Questões de metalinguagem visual

Exploramos, neste encontro, a noção de metavisual em dois ângulos distintos: de um lado, o das análises qualitativas da semiótica e da história da arte ( "close reading" ); de outro, o da análise quantitativa da "Media Visualization" de Lev Manovich e sua equipe, o Cultural Analytics Lab ( "distant reading" ). A "Media Visualization" consiste em visualizações analíticas de amplos corpora de imagens arquivadas na Web ou estocadas em bases de dados especializadas.
As análises estatísticas que embasam essas visualizações lidam com a extração, quantificação e compressão das propriedades visuais do corpus, não mais a partir dos metadados padrão (datas, indicações de lugares, nomes de artistas, etc.) e sim a partir de parâmetros de indexação e descritores de cunho plástico (texturas, contornos, dimensões, cromatismos, etc.). As visualizações resultantes produzem uma cartografia do corpus, redistribuindo-o em regiões mutuamente relacionadas. Seu objetivo é científico: tais visualizações visam a uma análise diacrônica dos corpora. Estão destinadas, por exemplo, a representar numa visualização única a evolução de um estilo pictórico, a intensidade da cor cinza numa coleção de mangás, a tendência da intensidade luminosa em determinado movimento artístico, etc., com a ajuda de variadas estratégias: montagem, visualização radial, "photoplot", etc. Embora concebidas como utensílios para a análise de grandes corpora de imagens, essas visualizações prestam-se, em certos casos, a um processo de artistização – refiro-me à noção formulada, em sociologia da arte, por N. Heinich e R. Shapiro. Procuraremos estudar a transição dessas visualizações entre o estatuto científico e o estatuto artístico, depreendendo suas transformações, tanto no plano da textualidade, quanto no das práticas em que se inscrevem.
De maneira mais geral, nossa indagação recai sobre a colaboração entre os métodos qualitativos e quantitativos da análise de imagens. Nossa hipótese é a de que a análise qualitativa de imagens – e, em especial, o estudo e identificação de categorias plásticas outras que as já identificadas pelos trabalhos da semiótica greimasiana – pode nos auxiliar a apreender os parâmetros de análise automática do visual; reciprocamente, o cruzamento de múltiplas visualizações analíticas cujos parâmetros analisam o mesmo corpus em diversas perspectivas é um procedimento que permite a caracterização qualitativa de imagens únicas e singulares.

 


donderoPesquisadora do Fonds National de la Recherche Scientifique, FRS-FNRS belga, Maria Giulia Dondero leciona semiótica visual na Universidade de Liège, onde desenvolve suas investigações sobre o estatuto das imagens, em especial nos domínios científico, artístico e religioso.
Em periódicos avaliados pelos pares, publicou mais de sessenta artigos em francês, italiano, inglês, espanhol e polonês; já organizou cerca de quinze livros coletivos e números temáticos de revistas sobre a fotografia, a imagem científica e a subjetividade na imagem. De seus livros recentes, cabe destacar: L'image peut-elle nier ? (organizadora, com Sémir Badir. Presses Universitaires de Liège, 2016), Des images à problèmes. Le sens du visuel à l’épreuve de l’image scientifique (em colaboração com J. Fontanille, Limoges, 2012; trad. em inglês: The Semiotic Challenge of Scientific Images. A Test Case for Visual Meaning, Ottawa, Legas Publishing, 2014; Semiotica della fotografia. Investigazioni teoriche e pratiche di analisi, 2006, 2008 (em colaboração com Pierluigi Basso, Rimini, Guaraldi; trad. em francês: Sémiotique de la photographie, Limoges, PULIM, 2011) e Le sacré dans l’image photographique. Études sémiotiques (Paris, 2009).

Co-fundadora e diretora da revista SIGNATA - Annales des Sémiotiques / Annals of Semiotics, Dondero é também co-diretora da coleção de livros Sigilla (Presses Universitaires de Liège). Participa de muitos comitês de periódicos científicos, tais como Actes Sémiotiques, Interfaces numériques, CASA - Cadernos de Semiótica Aplicada, Texto Livre: linguagem e tecnologia; integra, além disso, o comitê de coleções de obras, como "Clinamen" e "Cultures sensibles".
É a atual secretária geral da International Association for Visual Semiotics (IAVS) e primeira vice-presidente da Association Française de Sémiotique (AFS).

 

Organização do encontro:
Elizabeth Harkot de La Taille
Ivã Carlos Lopes
Norma Discini


Sexta-feira, 10 de março de 2017
Das 14h00 às 16H00
Prédio de Letras USP, sala 261
Av. Prof. Luciano Gualberto, 403
Cidade Universitária – São Paulo - SP

A palestra, que será proferida pela convidada em francês, é aberta a todos os interessados. Não é necessário inscrever-se previamente.